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Sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Coordenadora explica que o trabalho envolve a abordagem de vários aspectos da vida para garantia da saúde plena.

Durante a Campanha Outubro Rosa, a ADUFRGS-Sindical publicou matérias e cards sobre a importância dos cuidados com a saúde. O mês está chegando ao fim, mas o tema da proteção à vida e do autocuidado não se esgota aqui.  Apresentamos, portanto, um projeto de extensão desenvolvido pela professora Eliane Goldberg Rabin, do Departamento de Enfermagem da UFCSPA, sobre câncer de mama.

O projeto “Sistematização e implantação da consulta de enfermagem ambulatorial para mulheres com câncer de mama” atende pacientes do Ambulatório do SUS do Hospital Santa Rita da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre que estão no período pós-operatório. “O nosso objetivo é fazer com que a as pacientes passem pelo processo da doença de forma saudável, para que possam ter uma vida melhor”, afirma Eliane.

A professora enfermeira, conta que antes da pandemia, as consultas eram realizadas por ela e pelo menos três das sete alunas inseridas no projeto, todas as terças-feiras, no ambulatório do Hospital Santa Rita. Mesmo com a chegada do isolamento social, esse atendimento não cessou. Ao contrário, hoje ele feito por meio de tele consultas pré-agendadas de duas a três vezes por semana. 

Tanto as pacientes que já estavam em atendimento presencial quanto novas pacientes do período de pandemia, estão sendo orientadas pela equipe (foto abaixo, com professora Eliane ao centro). “Não queremos abandonar nossas pacientes. A recuperação do câncer de mama é lenta, mas fazemos esse acompanhamento até a pronta reabilitação. Temos mulheres que estão conosco desde 2018, quando o projeto iniciou. Acolhemos as demandas das pacientes e familiares por meio da escuta ativa no sentido de minimizar o impacto causado pelo diagnóstico e tratamento para o câncer”, conta Eliane.

Eliane Rabin, ao centro, com alunas do projeto de extensão
Detecção precoce e cura

Para Eliane Rabin, embora o Outubro Rosa seja o momento de alertar sobre os cuidados preventivos com a saúde, é importante esclarecer que “a prevenção primária do câncer de mama não existe, o que existe é a detecção precoce”. 

Ou seja, há múltiplos fatores de risco que levam ao desenvolvimento do câncer de mama, entre eles fatores genéticos, hereditários, idade, história reprodutiva, história familiar etc; a doença é bastante complexa. Há, ainda, fatores de risco modificáveis, como obesidade, sobrepeso na menopausa, sedentarismo, ingestão abusiva de álcool, entre outros, em que o profissional enfermeiro tem importante desempenho, para junto com a paciente buscar um estilo de vida saudável.

Mesmo com as campanhas de alerta, muitas mulheres, porém, segundo Eliane, ainda chegam ao hospital com tumores em estágio avançado, o que reduz as chances de cura. Por isso a importância do auto-exame, do diagnóstico precoce e do início do tratamento imediato.

Eliane lembra que a Lei 12.732/2012, conhecida como a Lei dos 60 dias, garante que o início do tratamento para as neoplasias malignas inicie em até 60 dias depois de “firmado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica”. Contudo, essa lei não vem sendo cumprida em diversos segmentos no país. 

Por toda essa complexidade da neoplasia, que vai desde os fatores de risco aos quais a paciente não têm domínio até a recidiva da doença, permeados pelas questões políticas e sociais do país que afetam o atendimento do SUS, Eliane Rabin costuma dizer: “a cura em oncologia é o maior tempo livre da doença possível”. 

Como funciona o atendimento 

As consultas são agendadas e realizadas por chamadas de vídeo. Duram em média 40 minutos e toda a família é incluída no atendimento. É aplicado um formulário próprio para a consulta que engloba o histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação. 

“Realizamos o atendimento às necessidades humanas básicas por meio da educação em saúde, na medida em que o vínculo profissional-paciente se estabelece e para isso é fundamental conhecer a história de vida de cada paciente e implementar o cuidado para cada uma”, esclarece a professora e enfermeira.

Assim, a consulta oferecida pelo projeto de extensão utiliza não só dos protocolos de enfermagem referentes ao câncer de mama, mas também de práticas integrativas, como a acupuntura, a auriculoterapia e a meditação. “Essas práticas integrativas estão muito presentes no nosso cuidado e complementam a assistência minimizando sintomas como a ansiedade, insônia, fadiga, náuseas que podem surgir durante o tratamento”.

Iniciativas para a sociedade

O projeto de extensão do Departamento de Enfermagem se estendeu até a internet e, hoje, passa orientações à sociedade em geral pelo Instagram por meio do perfil https://www.instagram.com/cuidar_mama/, que conta com diversos cards e dicas. “Todas as pessoas que tiverem interesse no assunto e quiserem saber mais sobre o câncer de mama, podem também nos enviar comentários e directs pela página do Instagram. Estamos abertas a sugestões e questionamentos”, frisa Eliane.

Além disso, um grupo de pesquisa criado pela professora está investigando temas e elaborando roteiros para um podcast, cujo nome é “Câncer sem medo”, voltado para as pessoas que enfrentam a doença. E para encerrar as iniciativas na área, neste momento, Eliane adianta que o time está trabalhando firme para finalizar o e-book sobre a tele consulta de enfermagem, direcionado às pacientes com câncer de mama, que será reproduzido pela editora da UFCSPA.